domingo, 19 de janeiro de 2014

Uma viagem com seus segredos, mistérios, conquistas e... [刀 语]


Uma história de época... dessas que eu gosto muito de assistir... dessas que fazem referências seguras a um período da história de determinado país, com suas tramas políticas, intrigas palacianas... rica em detalhes e riquíssima no que tange o imaginário...

Mas, diante desse contexto, nessa história em particular, eu não saberia exatamente dizer, onde está o limite entre o bem e o mal... o que é um final feliz... o que é um gesto de amor e o que não é...
Obviamente, eu não espero que escritor, diretor, produtores e demais envolvidos na elaboração técnica desse anime, levantem questões tão espiritualizadas, ou mesmo morais... todos nós sabemos que um anime, tem precipuamente, a função de divertir, distrair... mas algumas histórias, como essa, apresentam um argumento tão denso, que me levam a navegar pelos mares tumultuosos das considerações...


Vamos conversar hoje sobre Katanagatari [ ou... a espada... ?]


Basicamente a história narra uma viagem em busca de espadas modificadas e mágicas, se é que podemos classificar dessa forma...

Uma jovem funcionária a serviço do Shogunato, Togame, tem por missão recolher 12 espadas forjadas pelo lendário ferreiro Shikizaki Kiki, e , para que tenha sucesso em sua empreitada, vai em busca de uma espada especial, que na verdade, é um guerreiro que luta sem nenhuma espécie de arma, nem mesmo uma espada.

Yasuri Shishika é na verdade, o sétimo mestre do estilo de luta, criado e herdado de seu pai – o estilo Kyoturyuu – sendo que ele vive isolado em uma ilha distante e desabitada, com sua irmã Nanami.

Até aqui, percebemos que Togame é uma jovem inteligente e muito ambiciosa, que não medirá nenhum esforço, ou poupará nenhum artifício para concluir satisfatoriamente sua missão.

Já Shichika é muito jovem... e por ter vivido sua pouca vida isolado do mundo, é ingênuo... e bastante ignorante... eu diria mesmo que sem noção... mas... sem noção do bem e do mal...

No entanto... apesar das diferenças de caráter, personalidade, educação, classe social, e todas as demais possíveis de se imaginar, essas duas personagens se juntam nessa empreitada... ela, por ambição... ele, por nenhum motivo aparente ou escuso...
Esse fator, por si só, já torna o argumento interessante, devido aos detalhes que só se percebe ao acompanhar a trajetória dessas personagens em sua longa viagem...

Desde já, fica aqui o aparte – é um anime com diálogos complexos, que exigem alguma atenção para o bom entendimento da história. As lutas, muito bem dirigidas, não se arrastam infinitamente intercaladas por diálogos desnecessários...

É um anime onde luta é luta e conversa é conversa... >.<

A viagem dos nossos heróis dura exatamente o número de espadas a serem recolhidas... 12 espadas... 12 episódios, cada um com cerca de 40 minutos ou algo mais...

Porém, não sei se foi falta de recurso ou imaginação, ou dificuldade técnica [possibilidade essa que custo mesmo a crer] a luta que seria a mais difícil, não foi mostrada em vídeo – pelo menos, não na versão que eu assisti – sendo apenas comentada pela dupla de viajantes, enquanto alguma outra coisa acontecia em outro lugar.

Voltando aos personagens, vamos encontrá-los de todo tipo, desde os mais sérios aos mais “bizonhos” [leia-se: mistura de bizarro sabe Deus com mais o que... >.<], e entre eles, figura Nanami, a irmã mais velha de Shichica...
Em princípio eu me perguntei: - Mas o que essa menina vai ficar fazendo sozinha nessa ilha? -  Logo adiante veio a resposta de uma forma inusitada, inesperada, surpreendente... e o que parecia totalmente fora de propósito, e aparentemente se candidatando a um “filler” insuportável, como sempre, tornou-se uma ferramenta, não só para conduzir o fluxo da história de maneira inteligente, como também, para me manter navegando pelos mares das considerações...

A trilha sonora, em princípio, me deu aquela sensação de nada a ver... MAS... foi uma surpresa perceber que as músicas iam se encaixando perfeitamente aos personagens, às situações... ao ritmo da narração, ao contexto e suas situações bem imprevisíveis... [algumas... ^_^ ]

O designer das personagens, em princípio, também pode não convencer muito, mas logo no primeiro episódio, percebemos que o foco não é a imagem e sim a história que está sendo contada, ou seja, é uma história ilustrada... mas a ilustração está impecável para o seu propósito – [minha modesta opinião... ^_^ ].

Não sei se intencionalmente ou não, Katanagatari explora todas as vertentes dos sentimentos humanos e suas condições... honra, compromisso, verdade, amizade, relacionamento, motivação, lealdade, dignidade... e muitos outros nessa gama imensa de peculiaridades que formam a psique humana...

Vamos percebendo que Togame representa aquele ser humano que nunca olha pra dentro de si porque não quer se ver sem os disfarces do mundo exterior... Ela recebeu educação requintada... é extremamente inteligente, bonita, sagaz... mas esconde seu verdadeiro caráter por detrás de uma armadura de frieza e individualismo... é astuta, porém, todo seu excesso de confiança acaba por trair suas próprias fragilidades...

É dessas pessoas incapazes de assumir os próprios sentimentos, porém, a todo momento escorrega na própria inflexibilidade...

Podemos resumir dessa maneira... Togame não olha nos olhos de ninguém, porque sua alma pede socorro a cada movimento respiratório... Um dia alguém perceberia isso... e justamente, aquele que ela julgava não ser capaz de  nenhum entendimento, compreensão ou até mesmo sentimento, por ter sido criado para ser, ele mesmo, uma espada, foi quem decifrou os segredos de seu coração... sem que ambos percebessem...

E quando parecia que tudo se resolveria, nossa história chega ao fim... não de repente, é claro... pois já sabíamos que seriam apenas 12 episódios... mas em nenhum momento, foi-nos possível vislumbrar o desfecho dessa trama...

E quando eu pensava que iria chegar sã e salva, em algum porto seguro, dessa minha viagem pelos mares tumultuosos das considerações, fui envolvida por uma onda gigantesca de indagações... – o final... “ El gran finale” ...

Foi a partir daí que toda a minha convicção sobre finais felizes foi questionada... minha percepção ficou seriamente abalada... e eu fiquem sem as respostas que surgiram impiedosas em minha mente...

O final me fez rever, avidamente, os doze longos episódios, pra tentar entender porquê, como, onde... o que foi que eu perdi... porque não percebi...

E mesmo assim... a dúvida ainda persiste...

Katanagatari não é, definitivamente, um anime só para se “ver”... é preciso viver também... e mesmo assim...

Claro que sempre tem os contrariados de plantão que vão levantar várias críticas a essa produção... mas sinceramente... se você não tem coisas boas pra falar... fica calado, por favor e obrigada... >.<

A minha opinião final, e que eu gostei muito, não só do conjunto da obra, como de todas as possibilidades que me foram oferecidas ao longo da história...

Tah... meio sangrenta sim... pula essa parte... >.< ... e seja feliz, com ou sem final feliz... agora depende da sua percepção...


Anime
Direção: Motonaga Keitaro
Música: Iwasaki Taku
Estúdio: White Fox
Ano de exibição no Japão: 2010
Gênero: drama, comédia [?], ação, romance, fantasia, artes marciais, aventura.

Light Novel
Escritor: Isin Nisio
Ilustração: Take
Publicado por: Kodansha


Ano: 2007




Até a próxima...




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